Páginas

domingo, 20 de março de 2011

Jaula aberta

Fim-de-semana de sol, início da primavera. Vontade sair, apanhar sol, passear, ir ver o mar...
Tudo dentro de mim, tudo a ver com a minha Essência.
No entanto algo me prende, e não sei o quê.
Medo. De quê?
Olho à minha volta, e sinto-me imóvel, como se não tivesse espaço, como se não conseguisse sair do mesmo espaço. Percebo que é uma jaula. Mas percebo também que a jaula está aberta.
Poderia sair a qualquer instante, livre e solta, mas não saio. Não tenho coragem, tenho medo.
Medo do desconhecido, medo do mal, medo do sofrimento... Medo da Liberdade!
Tudo porque vivi e cresci presa a condicionalismos externos, de pessoas sem ambições maiores.
Pessoas que não sabem valorizar a vida e a natureza pela sua simplicidade, tudo gira à volta de comer e beber, ganhar e gastar dinheiro, ser ou não ser melhor que os outros. Tudo era feito em prol de ficar bem visto, familiar e socialmente, e eu também nunca consgui contrariar isso, porque o medo de contrariar vontades e crenças de alguém que se acha dono da verdade foi sempre uma missão impossível.
Hoje com 31 anos, voltei a sentir este peso do medo e da falta de respeito que sempre tiveram por mim e pelo mundo à sua volta. Mas hoje eu sei que tenho o poder de escolher, a capacidade de me libertar e o direito de ser libertária - poder dizer o que os outros não querem ouvir.
Não é fácil, pois a memória de elefante, infelizmente, funciona com os humanos também:
Obrigam-nos a viver mediante determinadas condições e circunstâncias e quando já não precisamos delas, não conseguimos mudar.
Esta é a grande razão pela qual em adultos temos tantas frustrações e mágoas, e incapacidades de lidar e resolver situções... nunca nos ensinaram isso. Preferiram deixar-nos crescer enjaulados com a ilusão da protecção, e depois quando nos querem libertar, assustamo-nos e achamos que é preferível ficar na jaula.
Um vez disse aos meus pais: vocês só estão bem quando eu estou mal.
E não tenho dúvida nenhuma disso, não que eles queiram o mau mal, mas sim porque quando eu estou mal, eles ficam o ego activo e a sensação de que sem eles não sou nada... de que dependo deles para tudo é maior que muita, e lá vem a prepotência de acharem que podem comandar a minha vida ao seu belo prazer.
E começa tudo outra vez... a imcompreensão, a revolta, a raiva, a injustiça, a rejeição, a solidão e por fim a consciência de que só eu poderei mudar o rumo da minha história e construir a minha felicidade.
Acho que finalmente, vou conseguir construir algo consistente.
Acho que finalmente vou ter coragem para sair da jaula... aberta.
Bem-Hajam.
Obrigada Jesus.

Sem comentários: