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sábado, 30 de agosto de 2008

Entrega e Recompensa

No dia 13 de Julho de 2008 o meu cão desapareceu.
Embora gostasse que um dia ele voltasse, sinto que ele escolheu ir morrer longe de casa.
Era um cocker dourado, de rabo comprido.
Era um cão charmoso, elegante, e embora com 13 anos e alguns problemas de coluna, não deixava de dar o ar da sua graça. Era um cão especial, intuitivo, sensitivo, era um cão diferente... era o meu cão!
O Donky entrou na minha vida tinha eu 15 anos. Era sem dúvida o meu melhor amigo aqui na Terra, o meu confidente. Foi com ele que partilhei muitos momentos de dor e tristeza, lambeu-me muitas lágrimas... mas também me deu muitos sorrisos! Ainda me mordeu uma vez. Mas, quem me mandou a mim contrariá-lo? O bicho não gostava de tomar banho... :)
Enfim, vivi de tudo com este menino... até ao último dia!
Estava sozinha, os meus pais estavam de férias. Tinham ido no dia 5 de Julho para o Algarve e cá fiquei eu a tratar de tudo como é o hábito. Na semana antes, ele tinha tido um pequeno acidente aqui na rua. Um senhor deu-lhe um toque com o Jipe, porque ele meteu-se atrás do carro quando o senhor ia fazer marcha-atrás e não o viu. Ele já não estava bom das patas de trás, ficou afectado também das patas da frente. Mas foi mais do que isso! Depois dos meus pais se irem embora é que me apercebi do seu verdadeiro estado: ficou muito mais sensível, muito triste, muito quieto, assustadiço, parecia que estava sem ouvir e sem ver. Confesso que a falta que ele sentia do meu pai, da companhia e dos passeios, também não ajudava. Dei com ele várias vezes na casa-de-banho, deitado junto às botas do meu pai... as saudades apertavam!
Mas o estado débil dele era grande, tinha muito pouca força, andava muito devagar, quase não conseguia subir e descer escadas. A comida, eu começava sempre por dar-lhe à boca e depois então ele continuava sozinho.
Perguntei-me muitas vezes, questionei Jesus: se o Donky morrer agora, o que é que eu faço?
A única coisa que conseguia fazer nesses momentos era chorar. Chorar a dor de o perder, chorar pela impotência que sentia por não saber o que fazer, por não conseguir fazer muita coisa para o ajudar... mandar abatê-lo para mim estava fora de questão, fosse porque razão fosse. Queria ficar com ele até ao último momento, mas deixando a natureza seguir o seu rumo natural.
Lembro-me de que, quando fiz o Nível 2 da Alexandra Solnado, no exercício do Cadeirão, a dor que mais me doeu e me fez chorar a sério, foi mesmo a dor de perder o meu cão.
Adiante. No sábado dia 12 ele estava um pouco melhor, fui com ele dar a volta da manhã, com muita calma, dei-lhe o pequeno-almoço, água, ficou muito tranquilo e sereno. No Domingo teve o que chama "as melhoras da morte". Mas claro só me apercebi disso depois...

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